sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A Grande e Única Batalha


A luz do sol, um pouco ofuscada pela lua iluminava o campo de batalha.

Plenck, Fuuuizz, zimmm!

Assim se ouvia por todos os lados!


Por pouco Osoutriv não tem a orelha decepada pelas garras da criatura!

Ele então se esquiva e com um golpe certeiro atinge o coração de seu agressor!

Esse instante seria lembrado por várias e várias gerações...

Porém, voltemos ao início de nossa história!

Era uma vez um vilarejo dominado por uma vil força que se materializava apenas raramente.

O povo desse vilarejo já havia tentado várias maneiras diferentes para se livrar desta terrível criatura, porém nada do que tentavam a afetava.

Já haviam usado fogo, água, terra e ar, porém a vil força permanecia invencível.

E o povo continuava escravizado, geração após geração, trabalhando em minas de ouro.

Este ouro servia de alimento para a criatura.

Os que se recusavam a trabalhar eram levados até seu covil e lá recebiam firmes golpes de vergasta, até o sangue lhes brotar.

As pessoas que sofriam essa tortura nunca mais eram as mesmas. Perdiam a alegria de viver e perambulavam pelo vilarejo.

Os mais velhos eram isolados em uma prisão onde mal recebiam comida e água. Eram deixados lá para morrer de velhice ou loucura.

Assim, sem exceção, todos os habitantes acabaram se tornando escravos da criatura ou mortos.

Certa vez nasceu uma criança diferente.

No momento de seu nascimento, as pessoas que ali estavam perceberam que a criança estava envolta com uma estranha áurea azul que parecia um cristal das minas do longínquo oriente.

Então a criança foi cuidadosamente escondida de olhos curiosos, temendo que tal fato chegasse aos ouvidos da criatura.

Com o passar do tempo a coloração foi desaparecendo, até que aos 3 anos de idade, Osoutriv era uma criança normal. Exceto pelo fato de ter nascido cego. Passou então a levar uma vida normal como as outras crianças do vilarejo.

Os anos passavam rápido e a rotina de trabalho era constante, deixando o fardo dos pais de Osoutriv ainda maior.

Porém temiam o pior! Estava chegando a idade em que Osoutriv seria obrigado a trabalhar, e caso não trabalhasse, poderia lhe acontecer o pior.

A vil força então visitou a casa dos pais de Osoutriv e viu aquele menino cego que mal conseguia caminhar sozinho.

A criatura não viu utilidade para aquela criança e disse aos seus pais que iria matá-la.

Seus pais imploraram por sua vida e disseram que trabalhariam dobrado para que ele fosse poupado.

Isso agradou a criatura que determinou que ganharia 4 escravos, mantendo apenas 3 bocas. Pensou também que após algum tempo eles não iriam aguentar a jornada dobrada e acabariam quebrando o acordo. Nessa ocasião, os 3 seriam mortos sem perdão...

Porém a força dos pais de Osoutriv era grande, e trabalharam dia após dia para salvar sua vida. Seu pai de dia e sua mãe a noite,

Os anos passaram e após 18 anos Osoutriv já era um adulto.

Ele se sentia mal por não poder trabalhar com os outros e passava os dias ao redor da prisão dos velhos, lhes dando água, o pouco de comida que conseguia e tentando aliviar seu sofrimento.

Sentia que deveria existir algo além de toda aquela dor e sofrimento.

Ansiava por respirar. Por ser livre e poder libertar todo o seu povo.

Certa vez estava junto a prisão dos idosos e ouviu um velho cantarolar:

"Quando o sol e a lua se unirem, o que esta oculto ficará revelado.

Quando o milagre acontecer, o mal poderá ser eliminado.

Então erga sua mão nobre guerreiro!

E acerte-o no coração com um golpe certeiro!"

Aquelas palavras ressoaram nos ouvidos de Osoutriv e este as guardou fundo em sua memória.

Na manhã seguinte sua mãe não levantou da cama, como fazia todos os dias. Estava doente, muito doente.

Seu pai sabia o que aquilo significava. Levou delicadamente sua mulher até uma carroça e disse para seu filho:

- Vamos fugir antes que a criatura mate a nós três.

- Mas pai, dizem que é impossível fugir deste vilarejo, ninguém nunca conseguiu.

- Mesmo assim devemos tentar. Já sei o destino que nos aguarda se ficarmos.

E assim os três entraram na carroça e se puseram a correr.

De repente um clarão tomou conta da rua. Era a vil força que já havia notado a ausência deles no trabalho.

- Estou aqui como prometi, vim tomar o que é meu! Sem trabalho não existe ouro, e sem ouro, suas vidas não tem valor!

Nesses instante seu pai abraçou fortemente sua mãe em desespero.

Cego, claudicante e tateando na escuridão, Osoutriv encontrou o que pareceu ser um pequeno graveto em meio a palha na carruagem.

Ergueu o graveto em direção indefinida e bradou:

- Afaste-se vil criatura! Vou defender meus pais com a minha vida! Durante anos eles trabalharam incessantemente para lhe alimentar! Eles quase nunca se viam. E tudo isso para me proteger!

A criatura riu e debochou de Osoutriv:

- O que vai fazer com este graveto garoto cego? É agora que tomarei a vida dos três!

Nesse instante porém, algo que a criatura não contava aconteceu.

Osoutriv começou a brilhar cristalinamente!

Uma áurea azul tomou o seu corpo e ele passou a enxergar!

O clarão daquela luz fez com que a criatura perdesse a visão e aquela vil criatura, em desespero, desferiu um golpe com suas garras em direção a cabeça de Osoutriv.

Este por sua vez se esquiva, e com um golpe certeiro atinge o coração da criatura com aquele graveto.

E foi o suficiente. A criatura foi abatida.

O amor de seus pais unidos revelou novamente sua verdadeira força, que sempre esteve guardada em seu coração.

Então o milagre de sua luz cristalina ofuscou as trevas.

Osoutriv foi nobre e enfrentou seu destino, mesmo com suas limitações.

Ele espetou o coração da criatura, que jamais havia sido tocado.

Foi assim que a simplicidade venceu a batalha.

Quem espera ter armas potentes, ou espera situações especiais para enfrentar a grande batalha, jamais conseguiria ter vencido a vil força.

Força essa que habita cada um de nós.

Na verdade Osoutriv teve tudo o que é preciso para enfrentar a batalha que libertou todo o seu povo e a si mesmo.

Ele teve coragem.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Acnadum: O Pequeno Viajante


Quem acha que em um jardim existem apenas plantas e insetos, esta redondamente enganado.

Se você se esforçar, verá as várias esferas de vida que conectam-se entre si.

Cada ser que vive ali encerra uma possibilidade.

Acnadum conhecia esse ciclo de vida e morte e também estava ligado a ele.

Sentia profunda tristeza quando via alguém destruindo o pouco da natureza que restava no mundo.

Eram tempos difíceis. Antigamente ele vivia perambulando de um jardim para outro, conhecendo amigos e buscando novas aventuras.

Porém hoje existiam pouquíssimos jardins para se explorar, pois as pessoas preferem ter calçadas cinzas e tristes.

Preferem coisas concretas que devem estar sujeitas à sua vontade.

Preferem tentar manter tudo sob o seu controle, inclusive o que é incontrolável.

"Um jardim não pode ser controlado.

Um dia uma planta cresce, no outro ela morre.

Um dia um animal aparece, no outro se dissolve.

Não há vassoura que consiga varrer, todas as folhas ao amanhecer.

Nada fica como está. Uma porta para o novo assim sempre se abrirá..."

Assim cantarolava Acnadum... Vocês já devem ter percebido! Acnadum era um gnomo de jardim.

Quase não havia jardins onde ele pudesse fazer sua morada.

Mas porque o evitavam tanto?

"Será pelos frutos amargos que um jardim pode trazer?

Será pelo medo do oculto que se revela ao anoitecer?

Será pela sujeira e poeira que trazemos em nosso ser?

Não! Era o velho hábito, que nos ensinou a querer ver para crer!"

Felizmente, alguns poucos insistiam na aventura. Acreditavam em si próprios e ousavam lançar-se rumo ao desconhecido, aceitando ambos os frutos. Os bons e os maus.

Eles sabiam que os frutos são apenas o reflexo do que plantaram, ou das horas de descuido em que as ervas daninhas cresceram.

Eles aceitavam Acnadum em seus jardins e ele se instalava carinhosamente, cuidando dos segredos mais profundos do ser humano.

E o jardim florescia, as vezes oferecendo espinhos...

Porém também, às vezes... Lindos botões de rosa.
World Of Warcraft, WoW Short Sword