segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O Bailar


E a vida baila,

Baila nos palcos do tempo,

E a vida Baila,

Solta como poeira ao vento,


Deste palco só vemos o chão,

Onde é vã qualquer tentativa,

De saber como a peça termina,

Um teatro em eterna solidão.


E a vida passa,

Tropeça nos palcos do tempo,

E a vida passa,

Juventude? Já não me lembro,


Correr para onde? Só vejo prisão.

Onde é vã qualquer tentativa,

De se sair dessa eterna rotina,

Sonhos perdidos onde estarão?


E a vida finda,

Leva meus ossos o tempo,

E a vida finda,

Enfim agora cessará meu lamento,


Devo manter meu alento?

Onde é vã qualquer tentativa,

De adentrar na plenitude divina,

Entrego-me, finalmente, então.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Haiku é pra Jacú


Amar é leve

Meu peito e seu rosto

Prazeres sem fim


Junções externas

Perderam enfim a cor

Para quem reclamar?


Nascer e pronto

Viver e deixar viver

Morte então ser

quarta-feira, 27 de março de 2013

Um Sóbrio em um Mundo Ébrio?


E ele sentiu uma dor em sua mão...

Era Sangue! Deu meia volta, cambaleou para ambos os lados...

Enfim se sentou...

Gargalhou com toda a força de seus pulmões e caiu no sono...

Que noite! Que noite!

Na manhã seguinte tentou se lembrar do que havia acontecido.

Suas roupas maltrapilhas não demonstravam o menor indício do que poderia ter se passado.

Percebeu que seu cheiro não estava nem um pouco agradável...

Mas logo se lembrou de que nunca havia mesmo cheirado bem... então parou de se importar!

Hey! Isso era viver! Andar sujo, fazer o que quiser, sentir a vida voar!

Como um cachorro que insiste em colocar a cabeça para fora do carro!

Lembrou-se então dos voluptuosos deslizes de sua noite passada.

Após sua recorrente bebedeira havia trepado em um poste, quebrando o queixo de um guarda que tentou segurá-lo...

Declamou então para a multidão que se encontrava presa nas garras do cotidiano sua breve canção:

Vida! Vida! Vida!
É o que de mais precioso se tem! 
Mas depois do que aconteceu agora...
Vida minha não vale um vintém!

Desafiei os bravos, protegi os cativos, urrei aos brados, expondo os meus desatinos!

Nada há que substitua o amor! Nada tão nobre, nada tão belo!

O que? Que sentido você aqui procura?

Algo para se sentir melhor com o mundo?

Algo para ostentar como seu, enquanto nosso barco afunda?

Ouça aqui o que a sabedoria dos anos me deu:

Quer um sentido para tudo? Entre para o exército!
Quer saber a direção de sua vida? Compre uma bússola!
Quer saber de onde veio? Olhe para traz!
Quer viver ordeiramente? Não seja você mesmo jamais!

Ao descer do poste, cortou sua mão em um pedaço de vidro...
Que foi atirado ao chão por alguém que mudou o mundo...
Três dias após ter seu negro coração partido...

terça-feira, 26 de março de 2013

O Tempo e o Moinho


Tempo bate...

Vento empurra...

Vento gira, e me faz girar...

Mas tempo me faz viver?

Sou madeira, sou tecido, mas estou vazio...

Um olhar a minha volta, me remete ao desafio...

Giro, giro giro, mas não saio do lugar...

Para onde deverei eu então, a partir de agora apontar?

Esquerda, direita, acima ou embaixo?

Porém saibam: em direção nenhuma me encaixo!

Pois eu, fora de esquadro, assim nasci.

E eu... sem medidas acertadas, enfim... morri.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Tributo a Etienne de La Boétie


É através da nossa conivência com o modelo de sociedade existente que somos usurpados. Nada é mais correto.

Ao aceitar as regras do jogo, assinamos nossa própria sentença.

Ao nascermos somos programados para viver sob os padrões que chamamos de sociedade. Mas será que existiria uma sociedade se não criássemos freios para os nossos impulsos?

A ideia de viver sem essa proteção da sociedade nos assusta, pois gostamos da segurança e da previsibilidade.

Alimentamos a esperança de que, se cumprirmos com nossas obrigações perante a sociedade, poderemos melhorar. Isso é o que nos acorrenta mais firmemente a roda deste estranho mecanismo.

Porém existem aqueles que rompem essa ordem e saem do que chamamos de "correto". Esses são os corruptos. Eles ousam abandonar as regras da civilidade para acumular mais do que outros. Existem várias formas de corrupção: ética, financeira, ideológica...

Isso causa a indignação dos que continuam seguindo as regras e até mesmo a inveja...

Por isso criaram-se mecanismos para punir esses transgressores.

O período que vivemos mostra claramente que esses transgressores estão com o poder nas mãos, ou na verdade, sempre o tiveram.

E se foram esses transgressores que criaram as regras que chamamos de "sociedade" justamente para nos manter atrelados a servidão, mediante o aceite de que: "Se todos seguirem as regras, a vida será melhor"?

E se foram eles que nos inculcaram o medo do desconhecido, de viver sem as regras protetoras de uma sociedade?

Mas não sejamos tão "anarquistas"... Existem outras formas de se ser um transgressor...

Existiram homens que viveram uma outra forma de quebrar as regras da sociedade.

Não pela transgressão de seus valores, mas sim pelo abandono deles.

Assim como nós aceitamos que uma minoria comande a maioria, aceitamos também o conceito de propriedade e de valorar um papel ou um pouco de metal.

Assim também aceitamos os conceitos de "EU" e "VOCÊ", ou seja, de que todos somos seres separados...

Escolhemos a busca pela "felicidade" como nossa meta. Mas o que é felicidade?

Pode a felicidade realmente ser uma característica inerente ao ser humano?

Momentos de felicidade somente são possíveis pois escolhemos cultivar nossa consciência separada de outros, pois se considerássemos nossos irmãos humanos como parte nossa, jamais poderíamos ser verdadeiramente felizes se "algum de nós estivesse em dor"...

Escolhemos aceitar que a sua dor é só sua e que a minha dor é só minha.

Enfim, aceitamos rejeitar o que chamamos de "Amor" a custa de algo...

O que seria esse algo que tanto queremos manter?

Nosso "EU", "EGO" ou "personalidade", esse "eu" que nos dá a ilusão da separatividade é quem articulou o conceito de sociedade.

Para que? Para se proteger! Pois o "eu" é, antes de tudo, covarde!

Ele nunca está satisfeito e sempre quer tudo para si. Ele precisa manter a sociedade em funcionamento.

Esta mesma sociedade que hoje tanto combatemos!

Somos Loucos!!!

Um bando de insanos tocando campainhas em uma noite escura, tateando os valores carcomidos do que chamamos "vida"...

Aliás, escolhemos chamá-la assim...

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O Entardecer


É cedo...

O puro brilho das estrelas começa a dar lugar ao desabrochar dos primeiros cálidos raios de sol.

O frio cortante da densa e escura noite já não mais ameaça aqueles que, divisando o claro azul no horizonte, se preparam para o espetáculo virá a seguir.

E ele vem...

O majestoso rei sol inunda o céu com seus raios multicores, expelindo um tenro calor, fruto da união do que antes estivera separado.

Tal realeza não ilustra o mistério das almas que tentam insistentemente ser uma só?

Após algum tempo, o bailar cósmico atinge seu clímax. E, num bilionésimo de segundo, todos os nossos anseios se voltam para o mesmo lugar.

É o início da descida...

Em passadas cada vez mais lentas a caminhada acerta seu rumo. A euforia do dia paulatinamente chega a seu fim.

É chegada a hora da partida...

É chegado o momento dos pássaros cantarem com cada vez maior vigor, como que tentando inutilmente eternizar aquele belíssimo dia...

Que já passou...
World Of Warcraft, WoW Short Sword