sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A Nudez da Vida nas Águas de um Riacho...


Estava uma vez um riacho a pensar sobre todo o caminho de sua vida.

Buscava lembrar das origens de sua existência, das coisas pelas quais já havia passado desde o início, até chegar a sua situação atual.

Lembrou de quando era apenas algumas gotas, que brotaram milagrosamente de uma pedra e formaram uma pequena poça.

Depois lembrou de seus primeiros passos, correndo entre as rochas, chegando a terras mais baixas. Sempre buscando algo...

A medida que o tempo passou percebeu como ganhou corpo e a distância entre ele e as plantas a sua volta diminuiu.

Lembrou dos dias de chuva, quando seu corpo ficava feroz e instável, levando uma infinidade de coisas que por azar, estavam em seu caminho.

Lembrou de seus momentos de dificuldade, quando o implacável sol exigia todas as suas forças. Lutou para continuar como um pequeno  filete de água a correr, sempre buscando algo...

Nesses momentos sentiu que talvez jamais voltaria a possuir caudalosas correntes, porém ele não desistiu.

Quanto mais suas águas corriam, maiores eram as dificuldades. Quando se aproximou do litoral, sofreu com a imundice despejada pelos egoístas seres humanos, que só pensam em si mesmos.

Mesmo com todas as dificuldades e peso morto, o riacho continuou a correr, sempre buscando algo...

As vezes era ajudado pela chuva. Mas sentia que conforme o tempo passava, suas águas corriam com cada vez menos força , ficando quase paradas devido ao lixo e a seca.

Viu se então nos dias de hoje, com suas águas escuras e sujas, se arrastando em meio a imundice.

Buscando algo... Sempre buscando algo...

Até que enfim ele encontrou. Algo que todo riacho sempre buscou, hoje busca e sempre buscará.  

O mar... Um vasto oceano de possibilidades.

Ele pôde se perder para sempre nele, abandonando completamente sua antiga vida.

Mas eis que nas profundezas do mais remoto oceano, nas rochas mais antigas e na escaldante pressão nuclear da terra... Algumas gotas voltam a brotar por entre as rochas...

E novamente o ciclo se iniciou...

A vida, que é a atriz principal, pede novamente sua veste à natureza.

Porém a invejosa morte, credora universal, sempre a toma de volta.

No teatro do existir a vida sai de cena, como sempre, completamente nua...

sábado, 24 de novembro de 2012

O Pequeno e Teimoso Fruto


Era uma vez uma grande e frondosa árvore.

Nela viviam uma infinidade de frutos.

Eram todos tão únicos e tão diferentes que frequentemente discordavam entre si sobre o que lhes era mais caro.

Uns gostavam mais do céu, outros mais da terra, e outros ainda eram apaixonados pelas noite de luar.

Mas, apesar das diferenças, todos eles percorriam seu ciclo natural em harmonia.

Nasciam verdinhos e pequenos, tímidos como quem começa a conhecer o mundo.

Amadureciam devagarinho, recebendo a seiva da árvore.

Seiva que carregava em si uma sentença para aqueles pequenos frutos.

Ela significava o sorvo da vida que os fazia crescer e ficar tenros.

Porém ao mesmo tempo era o veneno da morte, pois conduzia o processo de envelhecimento que os levava ao apodrecimento.

Um dia nasceu um fruto muito observador, ficou conhecido como Atsioge.

Logo que ele nasceu, passou a admirar tudo a sua volta: observava a terra lá embaixo, mirava o sol do meio dia, divertia-se com a chuva e adorava o barulho do vento quando este cortava as folhas da árvore...

Certa vez Atsioge notou ao seu lado um fruto muito enrugado e escuro...

Ficou curioso e perguntou:

- Porque você esta com este aspecto tão estranho? O que lhe aconteceu?

E o fruto, que mal conseguiu lhe responder, disse:

- Está consumado! Estou enrugado e negro como azeviche.

 - Já não consigo mais me segurar no galho, logo cairei...

Atsioge ficou horrorizado:

- Mas porque isso aconteceu? O que o levou a ficar assim?

- É a seiva da árvore! Ela nos faz crescer, amadurecer e findar. É o nosso destino...

- Como assim nós? Eu também terei que chegar a esse estado? Terei de ficar assim?

- Sim jovem fruto. Esta é a vontade de nossa mãe, a árvore.

Logo após dizer isso, o fruto velho se soltou do galho e caiu em meio a um universo de folhas e galhos...

O jovem fruto ficou com tanto pavor daquela situação que tomou uma decisão:

- Negarei a seiva de minha mãe! Assim jamais enfrentarei esse destino tão cruel!

E Atsioge se fechou então em si mesmo e passou a não mais receber sua parte da seiva.

Com isso conseguiu retardar o seu amadurecimento, mas como consequência foi se tornando cada vez mais duro e opaco. Perdeu o verde vivente que outrora era sinal de sua vitalidade.

Passou a desaprovar abertamente a mãe árvore e incitava outros a fazê-lo.

Conseguiu que vários outros frutos fizessem o mesmo, imputando-lhes o medo e a indignação perante o cruel destino que aguardava a todos.

Assim a árvore, que antes era frondosa e cheia de vida, foi se tornando sombria e seca.

Seu galhos e folhas já não refletiam a glória de outrora.

Um dia, ao entardecer, Atsioge ouviu uma voz que nunca havia sido ouvida.

Era a voz da árvore, sua mãe:

- Filho meu, fruto legítimo de mim mesma, porque negas meu alimento?

E ele,envolto em sonhos sombrios, respondeu:

- Não quero desaparecer! Não quero ir em direção ao nada! Porque nos dá a vida, a alegria e depois nos tira tudo isso? Qual é o seu divertimento? O que ganhas?

E a árvore lhe respondeu:

- Minha própria vida carrega essa sentença: A mudança. Dou tudo o que sou e possuo para que você possa nascer, amadurecer e seguir o caminho... Desconheço algo que esteja fora de mim mesma. Ao mesmo tempo conheço todas as tuas aflições. Confia em mim! Lança mão do medo, preocupação e ansiedade. Assim como eu fiz uma vez e todos os nossos fizeram antes...

Atsioge vacilou um pouco...

Pensou no seus medos... Mas pensou também que já não se sentia tão bem em seu estado atual.

Percebeu que já não era mais observador.

Havia esquecido do tempo em que vivia em harmonia com todos.

Ao invés disso, passava os dias reclamando de sua condição.

Não admirava mais a terra, a chuva, o vento, o sol...

Tomou então uma decisão. Voltou a beber da seiva de sua mãe!

Ao sentir o elemento percorrendo novamente seu interior, sentiu uma imensa alegria. Voltou a possuir um verde vivente.

Podia agora encarar seu destino. O calor daquela oferenda de amor lhe dava forças para enfrentar qualquer coisa.

Continuou a beber, tornando-se maduro... Sentiu que sua casca começava a secar lentamente. Sua visão já não era mais tão acurada como antes...

Continuou e foi escurecendo até tornar-se negro. Conhecia seu destino, porém já não tinha mais medo dele.

Atsioge não sabia, mas aquelas eram as últimas forças de sua mãe. Sua última seiva.

Após algum tempo, sentiu-se fraco e sem forças para se segurar no galho.

Instantes antes de se soltar e cair, entendeu que ele era o último fruto que sua mãe poderia alimentar, pois o calor da sua seiva havia desaparecido.

Arrependeu-se de seus atos e, finalmente, consumou a entrega de seu ser ao desconhecido.

Caiu, batendo em velhos galhos e ramos secos até atingir o chão.

A seiva da mãe árvore secou, levando sua vida para sempre...

Porém, algo maravilhoso aconteceu...

O fruto que fora alimentado pelo amor da mãe árvore atingiu o solo e serviu de alimento para a semente que jazia dentro dele. E esta logo começou a brotar.

Após algum tempo, tendo a terra como alicerce, recebendo o calor do sol, as águas da chuva e a vitalidade dos ventos; a semente pode crescer e se tornar uma frondosa árvore.

Essa árvore continua a produzir muitos frutos até os dias de hoje.

Todos são diferentes, uns gostam mais do verde, outros do vermelho, amarelo... Mas nenhum é abandonado, todos recebem sua parte de seiva.

Assim todo fruto carrega uma semente em seu interior.

Essa semente é feita da seiva do amor da árvore que se dá incondicionalmente.

Por isso toda semente carrega um segredo...

E esse segredo é o que realmente importa!

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Ensaio Sobre a Ignorância


Quem és tu que clama ter a chama da certeza?

Quem és tu que carrega o estandarte da nobreza?

És cego, surdo e por conseguinte deveria calar-te!

Não vê que teus gritos de ordem somente alimentam o caos?

Não vê que teus atos por impulso causam apenas dor a ti mesmo?

Mesmo com toda a sua censura, a roda da ignorância continua a girar.

O teu debater-se transfigura-se em combustível para seus ciclos.

Como quereis parar o movimento se vós mesmos sois parte de seu motor?

Silencia-te, emudece-te e pondere: O que estou fazendo?

Tenho mesmo a posse da verdade? Sou mesmo quem julgo ser?

Aprende a aquietar-te e guardar silêncio. Esse será o freio que tanto buscas.

Poderás então, finalmente, repousar teu coração.

Um coração em repouso produz uma mente serena.

A serenidade é mãe de toda a sabedoria...

sábado, 17 de novembro de 2012

Desbravando o mundo... (Aos meus velhos amigos)


Era uma vez três grandes exploradores Nosredna, Ovatsug e Ogaiht.

Eles estavam reunidos para medir sua coragem, que cada qual julgava possuir a maior de todas.

Propuseram então um desafio. Algo tão perigoso que jamais foi imaginado pelos maiores homens de todos os tempos.

Para provar sua coragem deveriam ultrapassar os limites de seu próprio mundo, ir até lugares que nenhum deles jamais havia estado. Deveriam partir em direção oeste e retornar pelo leste.

Nessa jornada não deveriam levar nada mais do que as roupas do corpo, além de seguirem todo o percurso completamente sós.

Decididas estas premissas, um temor percorreu o sangue de todos.

Estariam preparados para esta tão ousada jornada?

Possuíam realmente a nobreza necessária para concluir tal empreitada?

Como cada um deles não podia ficar aquém do outro, decidiram rapidamente tirar a sorte para ver quem seria o primeiro a realizar o desafio.

A sorte decidiu pelo nome de Ogaiht.

Seu sangue gelou ao vislumbrar o caminho que havia de percorrer, completamente só.

Olhou na direção do caminho que devia seguir...

Deu um passo...

Olhou para trás, nos rostos de seus algozes. Ambos torciam para que ele se acovardasse e desistisse.

Virou novamente para a frente, tomou coragem e disparou a correr...

Após algumas passadas, percebeu que não era assim tão ruim quanto parecia...

A medida que se distanciava, percebeu que seus pés não mais o obedeciam, apenas trabalhavam como cavalos em disparada.

Ao volver a direita se viu subindo uma íngreme ladeira.

Continuou correndo com a cabeça baixa, procurando não olhar para cima, para que a visão do que viria não pudesse lhe roubar suas forças prematuramente.

Dobrou novamente a direita. Sentiu seus pés começarem a fraquejar, mas continuou a correr com vigor.

Algo então aconteceu que quase o fez desistir, viu um grande cachorro no seu encalço!

Continuou a correr, porém agora empurrado pelo temor da bocarra daquela fera incontrolável.

Impelido pelos latidos e pelo medo, correu sobre um monte de areia que estava em seu caminho. Saltou sobre ele como se fosse um felino, esparramando toda a areia.

Ouviu alguns gritos de reprovação, porém deu pouca atenção a eles, e logo virou novamente a direita.

Viu-se perante uma ladeira. Agora não haviam mais obstáculos... Mas...

Au! Au! Sentiu o bafo quente do cachorro em suas pernas!

Nesse instante, não se sabe se por sorte ou por azar, uma havaiana se soltou de seu pé esquerdo, saciando enfim a ânsia de destruição canina.

Ogaiht não se abateu. Continuou correndo. Olhou de relance para traz e viu uma mistura de pedaços de borracha azul e branca com baba de cachorro. Era somente o que restou de seu velho calçado.

Para acabar com o desconforto, ou apenas para fazer outra oferenda para a fera, acabou abandonando também sua havaiana direita.

Ao virar novamente a esquina ficou aliviado em ver o rosto de seus amigos, que o esperavam sentados na calçada sorrindo. O quarteirão estava vencido!

Completamente descalço, sujo de areia, porém com a honra intacta, o garoto conseguiu cumprir o desafio!

Nesse momento a mãe de Nosredna, que antes estava costurarando, os chamou para tomar café da tarde.

Ogaiht então pensou, como explicaria o sumiço do seu chinelo para sua mãe quando ela voltasse do trabalho?

- Não se preocupe, disse Ovatsug. Pego um chinelo novo na loja da minha mãe!

- Obrigado! Mas... o que faremos mais tarde?

- Que tal ir na casa do Rednassela pegar goiaba branca ou do Socram jogar videogame? disse Nosredna.

Pode ser, mas acho que hoje não dá mais, já esta ficando tarde para nós.

Amanhã poderemos brincar mais...

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A Lenda das Sementes do Pântano


Eram tempos de guerra...

A atmosfera fria e sombria refletia continuamente nos rostos daqueles pobres diabos que, enfileirados para receber sua parte de ração, escolheram apostar sua vida por causa tão vil...

Que causa era essa? Servir aos caprichos do rei Edravoc.

Edravoc era o governante de um paupérrimo reino que ficava nas planícies ao oeste. Havia herdado suas terras através de uma linhagem de soberanos que nunca haviam se preocupado com o amanhã...

Seus ancestrais sempre exploravam ao máximo os recursos de seu reino e procuravam viver da forma mais espalhafatosa possível. Acreditavam que a "real nobreza" provinha da ostentação de suas riquezas perante seus súditos.

O início foi com o seu hecatontavô que utilizou a mão de obra e recursos do reino para construir um imenso castelo que pudesse servir a seus propósitos burlescos. Mas como disse, foi só o início. Cada filho quis ser tão grande como seu pai e procuravam construir um castelo mais grandioso e viver com ainda mais pompa que seu antecessor.

Não é de se admirar que após várias gerações de usurpadores, o reino caísse em desgraça total, e tenha se tornado uma terra quase deserta, cercada de construções abandonadas e sombrias.

Como cada novo rei não queria gastar seus recursos para manter o velho castelo de seu ancestral, apenas faziam a pilhagem do que julgavam útil nos velhos castelos e inauguravam o seu próprio às custas do espólio de seus antecessores.

Quem sempre perdia era o povo. Geração após geração procuravam maneiras de fugir daquela exploração contínua. Alguns juntavam o pouco que ainda lhes restava e fugiam na calada da noite.

Outros reprovavam abertamente os impostos cobrados e trabalhos forçados. Mas como acabavam desaparecendo sem deixar rastros, era cada vez mais raro alguém disposto a questionar as políticas do reino.

E assim a linhagem de Edravoc, a cada geração, foi acabando com os recursos naturais de seu reino, tornando-o pobre e desolado.

Foi então que o rei Edravoc teve uma ideia. Se nossa terra já não nos serve, iremos tomar a de outros!

Começou então a recrutar os poucos habitantes que ainda restavam para formar um exército. Após algum tempo conseguiu o apoio alguns poucos parvos, prometendo-lhes uma vida de sangue, ouro e outras promessas tolas.

Certa vez um velho habitante do reino furou o bloqueio dos lacaios e conseguiu ter com Edravoc em seu castelo. O rei teve tanto medo daquele velho que gritou para que seus guardas o acudissem.

O velho porém sorriu e disse com uma voz branda:

- Sua majestade! Por favor reconsidere a decisão de guerrear! Somos tão poucos. Nossos jovens estão tomados por pérfidas ilusões. Tenho a solução para nossos problemas sem que haja a necessidade de haver derramamento de sangue.

Edravoc olhou de modo esguio para o velho pois nesse instante seus guardas o agarraram grosseiramente. Estavam a chacoalhá-lo e alguns já até haviam desembainhado suas espadas.

Com a situação sob controle, Edravoc então lhe perguntou:

- Fale velho! Qual é sua sugestão? Se ela valer a pena sua vida será poupada!

O velho então começou a falar:

- Nossa terra está tão doente que nem mais lembramos como é viver bem. Por isso sua majestade deseja desbravar o mundo buscando novas terras para serem usurpadas. Porém o que acontecerá a elas quando seus recursos também se esgotarem? Iremos atrás de outras? E quando o mundo todo for vosso? Haverá algures terras férteis para conquistar quando a pompa e iniquidade se instalarem por todo o mundo?

Todos olharam espantados para o velho. E ele prosseguiu:

- Devemos é ter a decência de recuperar nosso próprio lar. Foi aqui que nossos ancestrais cresceram. Foi aqui que dei meus primeiros passos. Vossa majestade também! É mais fácil esconder nossas faltas e tomar dos outros o que julgamos necessário, porém isso apenas se torna em dor e desespero, poque falta algo importante: nosso merecimento.

- Merecer algo é possuir o sentimento legítimo de ter cumprido seu papel. Isso traz tranquilidade e paz de espírito.

O rei então olhou pela janela, e viu... uma vasta terra cinza, tomada por um odor desagradável.

- Velho. Como poderíamos fazer isso?

Os guardas então o soltaram e ele pegou um saquinho que levava amarrado a sua cintura e mostrou ao rei.

- O que é isso? Perguntou o rei.

-São sementes. Recebi-as de meu pai, que as recebeu do pai dele e assim por diante... Devemos plantá-las e assim devolver a beleza e a vida ao nosso reino.

O rei as olhou, olhou novamente pela janela... E pensou em todo o trabalho que teria para recuperar sua terra...

Pensou também que haviam muitas outras terras férteis onde poderia conseguir facilmente alcançar seus objetivos. Virou em direção ao ancião e lhe devolveu rudemente as sementes.

- Guardas! Levem-no para a masmorra! Preparem o exército! Atacaremos ao cair da noite! Preparem-se!

O pobre velho então perdeu o sorriso que havia habitado seu rosto. Respirou fundo e fechou seus olhos.

Esta foi a batalha mais curta da história. O "exército" de Edravoc foi completamente massacrado quando invadiu as terras do Rei Megaroc.

Reza a lenda de que quando os guardas de Edravoc revistaram o velho para levá-lo para a masmorra, não puderam encontrar as tais sementes.

Até hoje existem lendas sobre o paradeiro delas.

Uns dizem que elas desapareceram para sempre, assim como a linhagem de Edravoc.

Outros acreditam que elas continuam ocultas, no profundo coração daquela terra deserta que, um dia, voltará a florescer.
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