Fábula - Do Latim fabula, significando "história, jogo, narrativa, conta, conto", literalmente "o que é dito". Moderno - Que pertence ao tempo presente ou a uma época relativamente recente; atual.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Um empréstimo a vencer...
O maior erro é nunca querer errar.
O maior medo é o de se deixar levar.
O que nos obriga a estar despertos todo o tempo?
É porque podemos perder nosso lugar ao sol a qualquer instante!
Sendo assim, nada pode passar desapercebido pelos nossos olhos!
E mesmo com todo o nosso esforço, as coisas passam desapercebidas...
Alias, a vida passa... desapercebida... bem diante de nossos olhos...
Julgas ter controle sobre sua vida?
Aliás, julgas que a vida é sua?
Estás redondamente enganado! Porque "sua" vida não é sua.
Não se pode ter algo que não lhe foi dado.
Na verdade, a vida nos foi emprestada.
Um empréstimo com prazo de validade definido!
Podemos tentar até esticar um pouco o prazo de pagamento...
Mas, cedo ou tarde, chega a hora em que devemos pagar esse empréstimo...
E então vem a tristeza, a indignação e as súplicas.
Agimos assim porque acreditávamos que ela, a vida, era nossa!
Quem nos contou tamanha mentira?
E o pior! Porque acreditamos nela?
Porque é mais fácil!
Estamos errados? Não! Apenas somos ignorantes.
Porque tudo isso? Bastava simplesmente devolver o empréstimo ao seu dono.
Existem caminhos ainda mais fáceis que este?
Porque entregar é tão difícil para nós?
Basicamente... Apenas porque existimos.
É amigos... Espero que todos estejamos preparados para o dia de quitar nossas "dívidas".
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Orutuf e a Bússola de Ouro
Era noite, uma escura noite sem lua e sem estrelas, como só as densas nuvens negras conseguem criar.
Orutuf estava completamente só naquela velha embarcação que já havia, em tempos gloriosos, percorrido os sete mares.
Uma tempestade não lhe deixava esquecer quão precioso era ainda poder respirar, mesmo sendo atingido tão dolorosamente pelo frio granizo que lhe golpeava a face com uma insistência sádica e angustiante.
Encontrava-se amarrado ao velho mastro de carvalho, e de tempos a tempos sua cabeça batia fortemente contra a madeira, resultado da colisão das gigantescas ondas que rebentavam de ambos os lados do casco de seu barco.
Tentava insistentemente denodar suas mãos, porém sem sucesso.
Se ao menos pudesse alcançar algo para se libertar daquelas cordas...
Orutuf havia sido vítima do lendário pirata Omsimissep que lhe saqueara a carga e lhe deixara a deriva, amargando um destino completamente desconhecido.
Porém o que mais preocupava Orutuf não eram suas mercadorias e sim o perigo que corria a princesa Acnarepse...
Há algum tempo o rei Omsimito havia confiado ao jovem Orutuf a tarefa de levar sua filha de volta a sua antiga terra natal, que ficava ao leste.
De fato Orutuf era um órfão que havia sido criado pela família real. Em virtude disso, ele tinha grande respeito pelo rei e por todos na corte e também era respeitado por todos no reino.
Foi criado como um homem livre e, desde cedo, tomou gosto pela navegação e comércio, o que muito agradou ao rei.
Apesar de Orutuf ser um grande explorador, ele nunca havia navegado para o leste, e tinha dúvidas se conseguiria atingir seu objetivo.
Foi ter com o rei, porém este lhe tranquilizou dizendo que a princesa lhe seria uma excelente guia e, se ele confiasse nela, ambos atingiriam seu destino.
No dia da partida Orutuf recebeu a princesa em seu navio, mas estava desconfiado sobre as aptidões da princesa. Então lhe perguntou:
- Poderia me explicar como vossa alteza nos guiará em tão perigosa viagem?
- Claro Orutuf, veja só!
Foi então que ela lhe mostrou uma grande bússola de ouro.
- Essa bússola foi presenteada a meu pai pelo lendário artesão Serolav. Não se trata de um instrumento qualquer. Ela foi feita com as ferramentas especiais que eram do pai dele.
- Veja, tem um nome gravado nela: Edadrev. Meu pai disse que era o nome de uma espada, minha mãe disse que era o nome de uma princesa... Bom... para mim é o nome da bússola! disse Acnarepse sorrindo.
- De qualquer forma fique tranquilo Orutuf, com certeza chegaremos até minha terra natal.
Ele se sentiu tranquilizado pelas palavras da princesa e então seguiram viagem.
Aconteceu que, após navegarem algum tempo, uma gigantesca tempestade apareceu no horizonte.
- Princesa, precisamos mudar o rumo, uma grande tempestade se aproxima a nossa frente.
- Orutuf, a bússola indica que devemos atravessá-la diretamente, e nada de mal nos acontecerá. Fique tranquilo.
- Sinto muito, mas não posso colocar sua majestade em risco. vou desviar um pouco o caminho...
Foi então que Orutuf desviou-se do caminho indicado pela bússola e caiu nas águas dominadas pelo pirata Omsimissep que saqueou seu navio e sequestrou a princesa.
Como Orutuf não sabia lutar, acabou caindo facilmente nas mãos do pirata...
Ele estava arrependido de não ter ouvido os conselhos da princesa. Mas o que poderia fazer agora?
Aconteceu porém que pelo bater das ondas no casco, um objeto foi arrastado até perto dele.
Era a bússola de ouro!
Orutuf observou que sua agulha estava diretamente apontada para frente, direção que por acaso, as ondas o estavam levando.
Essa foi a última imagem de que Orutuf se lembrou ao acordar, depois de algum tempo. Estava em uma praia e várias pessoas o observavam com olhos curiosos.
No meio deles estava um homem forte com uma armadura reluzente. Ele segurava a bússola de ouro na mão e lhe perguntou:
- Quem é você? Onde esta a princesa Acnarepse? O que aconteceu?
Orutuf contou tudo o que havia acontecido, como havia resolvido desviar o caminho e, por conseguinte, como a princesa havia caído nas mãos do pirata...
Chorou amargamente ao final, o que despertou a compaixão de todos.
- Escute Orutuf, me chamo Etneserp. Vamos até a aldeia, lá você poderá contar o que aconteceu para o velho Odassap e ele poderá nos auxiliar.
Chegaram até a aldeia e foram ter com o velho.
Orutuf contou novamente o que se passara e o velho respondeu:
- Sujeita a erros, assim é a natureza humana. Já vi muitos verões, e a vida estava quente a acalentadora. Já vi muitos invernos, e a vida estava fria e desalentadora.
- Quer resgatar a princesa? Deseja colocar toda sua bravura nessa empreitada? Terá de passar por um rigoroso treinamento para se tornar um cavaleiro!
E Orutuf respondeu resolutamente:
- Sim! De todo o meu coração!
E o velho então mandou chamar Etneserp:
- Você, que detém os segredos dos cavaleiros e a arte das batalhas, ensine-os ao jovem Orutuf, de forma que ele possa agora plantar os frutos que o levarão à vitória em batalha.
E continuou o velho:
- Terás de aprender com o velho Odassap a ter confiança, mesmo em meio a mais negra tempestade, pois sempre após a noite, o dia com certeza virá. E o que foi uma vez, de novo será!
- Terás também de aprender com Etneserp a realizar as justas ações, para que não vaciles mais no campo de batalha. Lembra-te que teus esforços hoje serão o adubo que fará crescer os frutos de tua árvore amanhã!
- Siga dessa vez Edadrev, a lendária bússola de Serolav! E lembre-se: Essa será sua última chance!
Orutuf levantou os olhos e, pela primeira vez, eles irradiavam a coragem dos grandes e antigos guerreiros.
Nesse mesmo instante, numa profunda prisão, a princesa viu um dourado raio de sol entrar pela fresta de uma janela...
Ela levantou os olhos...
E sorriu...
sábado, 6 de outubro de 2012
Um Chamado à Lucidez
Ergam-se ó hordas que rastejam!
Aninhem-se ó paixões vis que vós ocultais!
É tempo de se mostrar, não se ocultem mais da luz!
É tempo de enaltecer a verdade, a tão velha e esquecida verdade!
Quem és tu realmente?
Qual é o metal que reveste a couraça da iniquidade sob a qual viveis?
Julga-te enobrecido para medir o peso do coração dos homens?
Engana-te! Estais embriagados pela sordidez que guia vossa vida!
Como podemos conhecer verdadeiramente os homens?
Tu analisas as pessoas e, como uma aranha, vai tecendo suavemente a teia do julgamento.
Porém esquece-te que tua análise é sempre edificada sobre teus pré-conceitos!
Se tudo ao seu redor muda o tempo todo, porque o teu ato de mensurar há de ser imutável?
Por isso todo julgamento sempre é parcial e falho!
Que seja assim meu amigo, evite sempre o julgamento, pois o que julga de antemão está condenado ao erro.
E aquele que insiste em errar, conhecendo a verdade, é verdadeiramente estúpido.
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