terça-feira, 5 de junho de 2012

Aicnet Sisrep e as Garras do Tempo


Era uma tarde de primavera ensolarada, la estava Aicnet Sisrep, deitado na relva verde de um belo prado.

Apoiava sua cabeça numa grande pedra e buscava distinguir formas reconhecíveis nas nuvens que pairavam na imensidão azul.

Acreditou ver um coelho! Que após alguns segundos havia se transformado em um duende, e logo após um navio com as velas içadas!

Naquele dia em especial ele estava muito alegre, pois fora dispensado das aulas e pôde sair mais cedo para sua casa, porém como a tarde estava muito bonita, resolveu descansar um pouquinho.

Em meio a seus devaneios acabou adormecendo...

Então ele sonhou. Sonhou que podia estar em meio aquelas nuvens tão fofas e claras. Sonhou que podia caminhar sobre elas e moldá-las conforme sua vontade.

Construiu um grande boneco de neve com as nuvens, depois o desmanchou e construiu uma canoa.

Pulou para dentro dela e passou a navegar com sua canoa de nuvens no claro céu azul. Viu então uma bela fonte de mármore branco no meio das nuvens. Resolveu ir até lá para examiná-la melhor.

De repente acordou!

E viu que o céu não estava mais azul e claro, mas era o véu da noite que paulatinamente havia cobrido quase todo o céu, restando apenas uma faixa vermelha do dia no horizonte.

O que aconteceu? Parecia que haviam passado apenas alguns instantes desde que ele estava moldando as nuvens no céu claro, mas agora já estava quase noite.

Ele levantou e correu para sua casa tentando não preocupar sua mãe e pensando no que haveria para jantar...



La estava Aicnet Sisrep, o trabalho hoje havia sido duro! Muitos problemas a serem resolvidos e muitas cobranças de todos os lados.

Ele só pensava em resolver logo todos os seus problemas.

De repente ouviu um assobio alto e agudo. Era o sinal de saída do seu local de trabalho.

Olhou no relógio e viu que eram apenas duas da tarde, o que teria acontecido?

Logo em seguida recebeu um aviso informando que devido a falhas no sinal de internet da empresa, todos estavam sendo dispensados.

Abriu um imenso sorriso e passou a arrumar suas coisas. Saiu da empresa e vislumbrou um belo dia azul de verão!

Após caminhar um pouco por um grande terreno, viu uma pedra na qual se sentou para descansar um pouco.

Lembrou então que anos atrás havia estado ali, olhando para as nuvens e sentiu saudade dos seus tempos de criança.

Deitou a cabeça na pedra e começou a observar as nuvens, viu um macaco, um carro e as feições de uma bela mulher...

Acabou adormecendo...

La estava ele, jovem, e dentro de uma canoa de nuvens mirando a fonte de mármore branco.

Continuou então seu caminho até a fonte e tocou-a, sentindo o frio do mármore.

A água que brotava era límpida e brilhava como prata à luz do sol. Quando tentou tocar água, acordou.

Olhou e viu a sua volta o breu da noite. Havia dormido muito e sua esposa deveria estar preocupada.

Levantou e correu até sua casa, pensando em que desculpa iria dar para seu atraso...



Todos conheciam Aicnet Sisrep. Ele já havia vivido e visto muito.

Passava grande parte dos seus dias sentado, pois suas pernas já não tinham mais a força de antigamente.

Como tinha dificuldades de se locomover, sua solidão era quebrada as vezes com algumas visitas, porém a visita nunca era longa, já que todos sempre estavam muito ocupados.

Um dia resolver, mesmo com uma intensa dor em seus joelhos, sair para dar uma volta.

Pegou sua bengala de carvalho e seguiu a direção que seus pés lhe indicaram.

Chegou até uma estreita estrada entre imponentes mansões.

No canto de uma cerca, por um capricho do destino, estava uma pedra.

E ele reconheceu aquela pedra!

Dirigiu-se até ela e cambaleou de encontro ao chão.

Conseguiu se alinhar e repousar suavemente seu velho corpo junto a pedra, buscando uma posição que lhe desse uma visão ampla do céu.

Suspirou e adormeceu, vendo as brancas nuvens de outono...

Juventude e alegria brotaram de seu sono. Viu-se correndo novamente entre as nuvens!

E a fonte de mármore estava la, jorrando ininterruptamente.

Aicnet Sisrep bebeu de suas águas e brincou com várias nuvens, fazendo e desfazendo imagens diversas.

Tomado de grande alegria, ele correu e mergulhou nas águas cristalinas...

E continuou brincando e brincando...

Dessa vez ele não acordou.

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