segunda-feira, 2 de abril de 2012

Em uma Caixinha de Clipes...


Era uma vez um clipe.

Desde muito cedo questionava qual era o sentido de sua existência.

Lembrava de seus tempos de arame, quando ainda não tinha forma definida.

Naqueles dias era um só com todos os seus irmãos, enrolados em uma grande bobina de ferro. Não tinha consciência de seu começo ou de seu fim e assim vivia em unidade.

Porém chegou um dia em que foi colocado em uma estranha máquina, que passou a cortá-lo e contorcê-lo até ficar em um formato definido: o de um clipe!

Então ele passou a ter uma consciência separada, pois agora possuía seu próprio limite, formato e função.

E assim também aconteceu com seus irmãos. Todos foram formatados de acordo com as necessidades de outros, afim de servirem a uma determinada função que lhes foi imposta.

Logo foram colocados em caixas, embalados e distribuídos pelo mundo afora.

Quando ainda estavam na caixa, procuravam se enroscar uns aos outros para não se sentirem tão sós.

Alguns até conseguiam, mas logo que chegavam ao consumidor final, eram cruelmente separados uns dos outros e colocados nos locais mais diversos.

A maioria ia parar em frios escritórios, onde eram obrigados a trabalhar sem descanso. Tinham que dar a sua vida para segurar várias páginas, até que não aguentavam mais e rebentavam.

Alguns tinham mais sorte e conseguiam ficar presos em páginas próximas, outros porém eram colocados em muitas páginas e torcidos por pouquíssimo tempo, sendo imediatamente descartados após seu uso.

Outros eram apenas retorcidos e jogados fora sem ao menos terem sido utilizados.

Muitos eram os destinos e a sorte destes pobres clipes.

Porém no mais profundo de seu ser havia uma saudade. Lembravam com nostalgia de quando não se reconheciam como "indivíduos", de quando não eram "separados" e estavam ligados no "fio" da corrente eterna.

Mas eis que o tempo passa...

Muitos deles ficaram anos presos anos e enferrujaram junto aos seus velhos e amarelecidos documentos.

Porém todos, mais cedo ou mais tarde, acabaram tendo o mesmo destino: o lixo.

Amassados, sem sua antiga forma ou ainda em frangalhos, eles eram colocados em uma grande caixa que continha muitos de seus irmãos e parentes próximos: clipes, pregos, parafusos, etc,.

Todos rumavam para um lugar muito quente e a medida que se aproximavam, percebiam que iam perdendo os últimos traços de sua personalidade.

E esse foi o fim dos clipes e de sua solitária e triste história.

Mas eis que todo fim encerra um novo começo!

Juntamente com alguns de seus outros parentes eles puderam ser unidos pelo fogo, forjados e moldados em algo novo!

E que alegria veio com esse "novo"!

Perderam sua consciência de "clipes" e assumiram seu papel de "gira-gira" em um parquinho de uma vila.

Puderam com a sua morte e transformação dar alegria a muitas crianças e lhes mostrar, com seu exemplo, que tudo é uma eterna roda.

O "gira-gira" da vida e da morte.

3 comentários:

  1. Ana Paula Argondizzo2 de abril de 2012 às 18:58

    Ameiiii!!!!!!!!!!!! Lindá fábula. muito interessante...hoje quem sabe sou apenas um clip...

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  2. uau... acabei de ler isso e tem a ver com o email que acabei de mandar pro gjr... lê lá!

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  3. Nooossa que legal!! Adorei!(Natali)

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